sábado, 6 de março de 2010
E eu que gosto tanto de viver sem programar a vida, viver o aqui e o agora, me deixo atropelar pelas expectativas. Hahahaha
Me sinto uma adolescente. Me senti uma adolescente. E foi tão gostoso...
Sentir aquelas paixonites que só tinha com 16 anos, que duravam eternamente e em algumas semanas iam embora.
Nem chorei.
Só sei que foi uma delícia brincar de faz de conta.
;)
Me sinto uma adolescente. Me senti uma adolescente. E foi tão gostoso...
Sentir aquelas paixonites que só tinha com 16 anos, que duravam eternamente e em algumas semanas iam embora.
Nem chorei.
Só sei que foi uma delícia brincar de faz de conta.
;)
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Vocês e Eus, Eus e Vocês
Amor platônico, acho esse o melhor termo para definir o que senti por você.
Hoje eu lembro e penso como eu era menina e sonhava, não que hoje eu não seja mais menina e não sonhe mais, mas, lembrando e refletindo, hoje, o que e como vivi naquela época, sei o quanto vivi nas extremidades de sentimentos. Acho que foi a época crucial da minha vida pra eu ser o que sou hoje.
Foi uma época de transição muito forte e intensa. Meus atos e gestos demonstravam a ambigüidade e contradição que eu vivia. Às vezes tão menina, meiga, sensível e sonhadora, as vezes, tão bruta e sincera.
Hoje, me vejo num extremo de sinceridade, o que aprendi ter seus lados bons e ruins, mas, não pretendo mudar. Lembro de como me sentia indefesa (e demonstrava) em relação a tudo, e que foi um pouco depois, em ano mais ou menos, que aperfeiçoei meu modo de me colocar diante das pessoas e dos acontecimentos. Tenho auto defesa e muitas vezes sou bruta.
Mas, não pense que virei uma sem sentimentos e pensamentos bonitos. Ainda acredito nas pessoas. E amo, amo muito.
(...)
Talvez todo amor platônico, se torne em carnal.
Talvez, todo sonho venha para trazer novas visões.
Talvez, todo amor, um dia, seja carnal ou já foi e se transformou em amor-amor.
Talvez, todo sonho seja utópico.
Talvez, todo sonho se transforme em realidade.
Talvez, todo amor, não importa qual, seja carnal.
Acho que a carne, o sexo, fazem parte do amor.
*Apaga tudo*
Sei lá.
Só sei que sexo com amor é uma das melhores coisas do mundo.
Hoje eu lembro e penso como eu era menina e sonhava, não que hoje eu não seja mais menina e não sonhe mais, mas, lembrando e refletindo, hoje, o que e como vivi naquela época, sei o quanto vivi nas extremidades de sentimentos. Acho que foi a época crucial da minha vida pra eu ser o que sou hoje.
Foi uma época de transição muito forte e intensa. Meus atos e gestos demonstravam a ambigüidade e contradição que eu vivia. Às vezes tão menina, meiga, sensível e sonhadora, as vezes, tão bruta e sincera.
Hoje, me vejo num extremo de sinceridade, o que aprendi ter seus lados bons e ruins, mas, não pretendo mudar. Lembro de como me sentia indefesa (e demonstrava) em relação a tudo, e que foi um pouco depois, em ano mais ou menos, que aperfeiçoei meu modo de me colocar diante das pessoas e dos acontecimentos. Tenho auto defesa e muitas vezes sou bruta.
Mas, não pense que virei uma sem sentimentos e pensamentos bonitos. Ainda acredito nas pessoas. E amo, amo muito.
(...)
Talvez todo amor platônico, se torne em carnal.
Talvez, todo sonho venha para trazer novas visões.
Talvez, todo amor, um dia, seja carnal ou já foi e se transformou em amor-amor.
Talvez, todo sonho seja utópico.
Talvez, todo sonho se transforme em realidade.
Talvez, todo amor, não importa qual, seja carnal.
Acho que a carne, o sexo, fazem parte do amor.
*Apaga tudo*
Sei lá.
Só sei que sexo com amor é uma das melhores coisas do mundo.
Escutando *Poligamia - Kid Abelha
quarta-feira, 8 de abril de 2009
sábado, 4 de abril de 2009
Eu sou nostálgica.
Tá, eu sou muito nostálgica e às vezes fico relembrando as coisas que passaram há anos, que por alguns momentos me parecem ter ocorrido ontem. Minhas lembranças me tocam tanto, à ponto de me fazerem sentir, quase, exatamente como me sentia quando as ocorreram. Mas, sei que já passou, e que devo aos ocorridos o que sou e o que serei, e o que mudarei, e o que me tornarei, e o que estou me tornando, e o que anda-endo-indo até a morte chegar (talvez nem quando ela chegar eu deixe de ando-(s)endo-indo).
Tá, eu sou muito nostálgica e às vezes fico relembrando as coisas que passaram há anos, que por alguns momentos me parecem ter ocorrido ontem. Minhas lembranças me tocam tanto, à ponto de me fazerem sentir, quase, exatamente como me sentia quando as ocorreram. Mas, sei que já passou, e que devo aos ocorridos o que sou e o que serei, e o que mudarei, e o que me tornarei, e o que estou me tornando, e o que anda-endo-indo até a morte chegar (talvez nem quando ela chegar eu deixe de ando-(s)endo-indo).
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Go Slowly
Viro pará um lado, reviro do outro, e não consigo dormir.
Mas, ainda nem amanheceu e eu fui dormir 1 da manhã. Como pode isso?
Olho o celular: 6h17.
Penso um pouco nos acontecimentos recentes. Ainda deitada, abstraio o fato de ser apenas 6h e mando algumas mensagens pelo celular. Tento encontrar o que fazer a essa hora, encontro milhares e levanto.
Ligo o computador, Radiohead em meus ouvidos. O sol bate forte no meu rosto, penso: que bela imagem para uma foto, mas não a consigo ver, pois é muito forte que ele bate. Não consigo olhar, mas, imagino.
Mas, ainda nem amanheceu e eu fui dormir 1 da manhã. Como pode isso?
Olho o celular: 6h17.
Penso um pouco nos acontecimentos recentes. Ainda deitada, abstraio o fato de ser apenas 6h e mando algumas mensagens pelo celular. Tento encontrar o que fazer a essa hora, encontro milhares e levanto.
Ligo o computador, Radiohead em meus ouvidos. O sol bate forte no meu rosto, penso: que bela imagem para uma foto, mas não a consigo ver, pois é muito forte que ele bate. Não consigo olhar, mas, imagino.
Over here
Go slowly
Come slowly to me
I've been waiting
Patient
Patiently
I didn't care
But now i can see
That there's a way out
That there's a way out
That there's a way out
Radiohead - Go Slowly
Go slowly
Come slowly to me
I've been waiting
Patient
Patiently
I didn't care
But now i can see
That there's a way out
That there's a way out
That there's a way out
Radiohead - Go Slowly
domingo, 31 de agosto de 2008
Fui ao inferno e me lembrei de você
As coisas não deveriam ter acontecido assim. O ônibus tinha que ter passado mais rápido. Eu deveria ter ido embora antes e quando eles chegassem, eu não estava mais aqui. Eles me ligariam e eu diria que não queria vê-los.
Hoje eu não gosto de ninguém.
Hoje eu sou mais eu.
mas hoje não dá
Não sei o que dizer e nem o que pensar
Só nos sobrou do amor
A falta que ficou
Renato Russo - Os anjos
Hoje eu não gosto de ninguém.
Hoje eu sou mais eu.
mas hoje não dá
Não sei o que dizer e nem o que pensar
Só nos sobrou do amor
A falta que ficou
Renato Russo - Os anjos
quinta-feira, 17 de julho de 2008
O som cada vez mais alto, e nem por isso ouvem mais
A freqüência é cada vez menor.
E cada vez menor que fica,
menos parece que muda.
Menos falta faz.
Talvez, um dia, imperceptível aos nossos ouvidos.
Mas, numa noite de lua cheia
ela me fará lembrar das frenqüências já escutadas.
Sim, a lua está lá todas as noites,
mesmo quando escondida atrás das nuvens,
mesmo quando bem pequena,
sei que está lá e estará.
E cada vez menor que fica,
menos parece que muda.
Menos falta faz.
Talvez, um dia, imperceptível aos nossos ouvidos.
Mas, numa noite de lua cheia
ela me fará lembrar das frenqüências já escutadas.
Sim, a lua está lá todas as noites,
mesmo quando escondida atrás das nuvens,
mesmo quando bem pequena,
sei que está lá e estará.
Escutando *Melhor Assim - Poléxia
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Tempo anti-pessoas ou E que as expectativas me abandonem
Talvez o tempo não seja para homens
e muito menos para mulheres.
Talvez o tempo seja de pensamentos,
músicas, letras e lágrimas,
sensibilidade aflorada e uma perturbação inconstantemente constante,
onde só existem eu e eles, eles e eu
e mais nada.
e muito menos para mulheres.
Talvez o tempo seja de pensamentos,
músicas, letras e lágrimas,
sensibilidade aflorada e uma perturbação inconstantemente constante,
onde só existem eu e eles, eles e eu
e mais nada.
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Conversa de elevador ou Sobre o tempo
É, parece que chove.
Será? Parecia que ia fazer sol!
Hoje de manhã o sol me enganou,
achei que seria forte e reluzente, mas, parece que se foi.
As nuvens cinzas se aproximam.
É, o tempo anda estranho.
Será? Parecia que ia fazer sol!
Hoje de manhã o sol me enganou,
achei que seria forte e reluzente, mas, parece que se foi.
As nuvens cinzas se aproximam.
É, o tempo anda estranho.
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Devaneios ao pesto
-Tá bem?
-Não.
-Tá sentindo o que?
-Não sei.
-Como não sabe?
-Talvez dor,
uma dor sem dor.
-Não.
-Tá sentindo o que?
-Não sei.
-Como não sabe?
-Talvez dor,
uma dor sem dor.
Sobre Ela
Nunca pensei tanto Nela.
Nem na minha pré-adolescência conturbada
e nem quando aconteceu com ela
parece tão próxima
parece tão forte
acho que está aqui, deitada sobre mim
quase me abduzindo.
Talvez não hoje,
mas, sem sombra de dúvidas,
Ela chegará.
Nem na minha pré-adolescência conturbada
e nem quando aconteceu com ela
parece tão próxima
parece tão forte
acho que está aqui, deitada sobre mim
quase me abduzindo.
Talvez não hoje,
mas, sem sombra de dúvidas,
Ela chegará.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Viva a sociedade alternativa
Achei esse texto, folheando alguma revista de um pai de uma amiga. Apesar de que se pensarmos em informações sobre squats a matéria é bem superficial, gostei bastante da forma que foi estruturada, numa espécie de comparação entre uma squater e uma pessoa que leva uma vida de acordo com os padrões estabelecidos. Me fez refletir mais sobre coisas já pensadas e sobre coisas ainda não pensadas por mim.
“O fato de não trabalharmos não significa que não fomentamos reflexões, não geramos debates nem fazemos circular as idéias que assimilamos, lendo as centenas de revistas, livros e filmes que quem está ‘trabalhando’ produz – mas mal tem tempo de consumir...”
Enquanto eu tentava ordenar as minhas idéias para rebater tese tão original, num coffee shop ensolarado no meio da tarde de Amsterdã, Maria sem misericórdia fechou logo o ponto: “Somos a vingança tardia e bem-humorada que vive das brechas desse sistema... Já vocês, do ‘mercado de trabalho’, são a graxa do capitalismo moderno... sempre bem arrumados e descolados, mas ainda assim graxa”.
Fiquei perplexo. Nunca em minha vida fui chamado de graxa ou qualquer outro derivado de óleo e gorduras. Lá se foram sete anos desde a última vez que me encontrara com Maria, em Havana, Cuba. A mexicana, amiga desde uma temporada de Puerto Escondido, vivia na Europa há cinco anos. Nas cartas que trocávamos, que logo se transformaram em e-mails e SMS, ela me contava desse universo incrível em que vivia, em que um grupo crescente de pessoas, “jovens de todas as idades”, simplesmente não trabalhavam. Viviam em comunidades e invadiam casas, apartamentos e prédios abandonados nas principais capitais européias – um MST urbano. Uma vez lá dentro, a polícia nada mais podia fazer, e somente um longo e oficialesco processo de despejo, com ordem judicial e tudo, poderia colocá-los na rua. Mas isso podia demorar até cinco anos...
Nada disso é novidade: são os chamados squats, que hoje se espalham por todas as regiões da Europa: squats campestres, em lindas áreas no interior; squats balneários, às vezes à beira do mar e com direito a pé na areia; squats baladeiros, com festas intermináveis ao som do melhor do eletrônico; squats intelectuais, com um público mais velho, culto e tranqüilo; squats gays... Alguém que faça parte dessa comunidade pode correr a Europa inteira, ou ainda países como Índia e Israel, e se hospedar num squat, pois há sempre alguém que conhece alguém que convida o visitante para uma temporada. Apesar de ninguém pagar aluguel, água ou luz – é tudo gato –, há uma organização vigente e algumas regras no mundo dos squats, e, se você não foi convidado, simplesmente não pode ficar.
Novidade, para mim, foi conviver com um grupo de squaters por um weekend em Amsterdã e descobrir que meus preconceitos em relação à prática eram idéias equivocadas.
Vantagem?
Enquanto Maria me explicava como foi parar na Squatland, eu me pus a fazer um jogo infantil em minha cabeça comparando minha vida com a dela. Tivemos educações similares em dois enormes países latino-americanos, estudamos nos melhores colégios, viajamos bastante e conquistamos a independência da vida adulta na mesma época. Num resumo genérico e leviano, desenhei a seguinte panorâmica de nossas vidas atuais sob o ponto de vista dos dois lados da quadra:
Manhã – Eu acordo cedo diariamente, tomo banho quente, me visto ante uma variedade enorme de roupas a escolher, engulo um café apressado, passo o olho no jornal, entro no carro, pego trânsito, falo ao celular, contemplo paisagens que não escolho – geralmente medonhas, a não ser que você more no Rio –, entro num escritório com janelas e sem vista, ligo o computador, o ar-condicionado e começo a trabalhar. Ela acorda na hora que seu corpo deseja, toma um longo café, escolhe um bom livro, pega sua bicicleta, pedala tranqüilamente pela urbe arborizada, sempre escolhendo o caminho mais bonito, ouve música gerada de um velho discman, entra num parque, deita na grama sob o sol e começa a ler.
Almoço – Saio para almoçar por volta das 13h, entro num restaurante cheio, sento, peço um prato, tiro e-mails no BlackBerry enquanto espero, como rapidamente, converso sobre trabalho na sobremesa, pago uma pequena fortuna de conta enquanto engulo o café e saio apressado. Ela pára de ler seu livro por volta do meio-dia, monta em sua bike, pedala sossegada até uma feira de rua, espera pelo início do desarme das barracas, conversa com os vendedores – que já a conhecem –, recebe gratuitamente queijos, frutas, pães, verduras, salames e outras iguarias, abre um largo sorriso como forma de pagamento, caminha até uma praça, senta-se e come pausadamente.
Em seguida, acende um cigarro e abre seu livro de novo.
Tarde/noite – Quando não tenho uma reunião fora, volto para o escritório, reúno minha equipe, trabalho no computador sem pausas até a noite, desligo o computador, o ar-condicionado e a luz, dirijo pela cidade no trânsito, contemplo as mesmas paisagens, falo ao celular, chego em casa, tomo banho, saio para jantar, gasto outra pequena fortuna e eventualmente emendo numa balada, onde gasto outra (nem sempre pequena) fortuna. Ela guarda o que sobrou da comida para o café do dia seguinte, pedala até um museu gratuito, contempla obras de arte durante horas a fio, passa numa biblioteca pública, tira e-mails, troca de livro (lê em média um por semana), pedala até seu squat, toma um banho frio (nem sempre os squats têm água quente), pedala até outro squat maior onde uma baladinha foi armada. Se estiver precisando de dinheiro, ali ela tem a opção de trabalhar no bar: assim conseguiu comprar um motorhome usado. Essa rotina pode durar meses, e, quando ela já conheceu a cidade toda, simplesmente sobe em seu motorhome e pega a estrada até uma nova cidade ou país.
Outros pontos – Enquanto gasto horas em lojas estudando o preço de móveis e gadgets para decorar minha casa e minha vida, nunca sem gastar uma pequena fortuna, ela garimpa os lixos dos bairros mais nobres das cidades onde já encontrou (em ótimo estado) cadeiras, cama, roupas, discman, livros, CDs, enfeites, dinheiro... Durante um desses garimpos, que tive o prazer de testemunhar, ela encontrou uma belíssima gravura de Van Gogh intitulada Schoenen met veters, que hoje ilustra a mais nobre parede de minha casa. No fim do ano, junto todo o dinheiro que me sobrou e viajo por duas a três semanas, geralmente para algum lugar na Europa e... gasto uma fortuna. Ela, que já viaja durante o ano todo pela Europa ao seu bel-prazer, geralmente passa o fim de ano numa cidade grande, quando todos se foram e a cidade está vazia e agradável. Do ponto de vista político, eu, que me considero uma figura com formação avançada no assunto, faço questão de ler e discutir os temas em pauta e sempre voto. Ela, que só lê as manchetes dos cadernos especializados, “afinal já sabemos o que vão dizer”, não gasta tempo com o tema e, por princípio, nunca vota – para minha tristeza, me dei conta de que esse seu boicote leviano acaba agredindo muito mais a cena política do que eu, com minhas teses infladas de mesa de bar. Do ponto de vista ecológico, sou um consumidor voraz e patrocinador das emissões de CO2 e outras mazelas, enquanto ela, por consumir quase nada e reciclar tudo o que eu e os meus descartamos, é uma exemplar cidadã do futuro.
A essa altura do campeonato, começo a ficar deprimido e abandono o jogo num deselegante WO...
Game x Game
Após um fim de semana atípico, quando conheci pessoas incríveis e hábitos desconcertantes, me dei conta de que novidade mesmo foi encarar minhas próprias escolhas sob nova perspectiva. Ao contrário do que imaginava, Maria não é uma jovem preguiçosa e sem ambição, e sim a prova viva de que existem outras maneiras de levar a vida, mesmo inseridos na loucura do capitalismo alucinado. E que devemos tomar cuidado com o julgamento instantâneo que fazemos ao deparar com alguém diferente – seja a figura em questão um índio, um metrossexual ou um squater. E que até mesmo a prática da comparação, forma que escolhi para a construção deste texto, já é bastante capitalista, conceitualmente falando, logo, um tanto inadequada. Ponto. Desisto. Adoraria ser um squater... talvez na próxima encarnação. Com licença, preciso tirar meus e-mails.
P.S. No caso de você estar curioso, a palavra squat significa
“agachamento” ou “aquele que se estabelece em terras públicas”.
*Giuliano Cedroni, historiador, jornalista e roteirista, foi diretor de redação da Trip por cinco anos. Atualmente dirige um núcleo de desenvolvimento de projetos na Prodigo Films, e trabalha desde os 16 anos...
“O fato de não trabalharmos não significa que não fomentamos reflexões, não geramos debates nem fazemos circular as idéias que assimilamos, lendo as centenas de revistas, livros e filmes que quem está ‘trabalhando’ produz – mas mal tem tempo de consumir...”
Enquanto eu tentava ordenar as minhas idéias para rebater tese tão original, num coffee shop ensolarado no meio da tarde de Amsterdã, Maria sem misericórdia fechou logo o ponto: “Somos a vingança tardia e bem-humorada que vive das brechas desse sistema... Já vocês, do ‘mercado de trabalho’, são a graxa do capitalismo moderno... sempre bem arrumados e descolados, mas ainda assim graxa”.
Fiquei perplexo. Nunca em minha vida fui chamado de graxa ou qualquer outro derivado de óleo e gorduras. Lá se foram sete anos desde a última vez que me encontrara com Maria, em Havana, Cuba. A mexicana, amiga desde uma temporada de Puerto Escondido, vivia na Europa há cinco anos. Nas cartas que trocávamos, que logo se transformaram em e-mails e SMS, ela me contava desse universo incrível em que vivia, em que um grupo crescente de pessoas, “jovens de todas as idades”, simplesmente não trabalhavam. Viviam em comunidades e invadiam casas, apartamentos e prédios abandonados nas principais capitais européias – um MST urbano. Uma vez lá dentro, a polícia nada mais podia fazer, e somente um longo e oficialesco processo de despejo, com ordem judicial e tudo, poderia colocá-los na rua. Mas isso podia demorar até cinco anos...
Nada disso é novidade: são os chamados squats, que hoje se espalham por todas as regiões da Europa: squats campestres, em lindas áreas no interior; squats balneários, às vezes à beira do mar e com direito a pé na areia; squats baladeiros, com festas intermináveis ao som do melhor do eletrônico; squats intelectuais, com um público mais velho, culto e tranqüilo; squats gays... Alguém que faça parte dessa comunidade pode correr a Europa inteira, ou ainda países como Índia e Israel, e se hospedar num squat, pois há sempre alguém que conhece alguém que convida o visitante para uma temporada. Apesar de ninguém pagar aluguel, água ou luz – é tudo gato –, há uma organização vigente e algumas regras no mundo dos squats, e, se você não foi convidado, simplesmente não pode ficar.
Novidade, para mim, foi conviver com um grupo de squaters por um weekend em Amsterdã e descobrir que meus preconceitos em relação à prática eram idéias equivocadas.
Vantagem?
Enquanto Maria me explicava como foi parar na Squatland, eu me pus a fazer um jogo infantil em minha cabeça comparando minha vida com a dela. Tivemos educações similares em dois enormes países latino-americanos, estudamos nos melhores colégios, viajamos bastante e conquistamos a independência da vida adulta na mesma época. Num resumo genérico e leviano, desenhei a seguinte panorâmica de nossas vidas atuais sob o ponto de vista dos dois lados da quadra:
Manhã – Eu acordo cedo diariamente, tomo banho quente, me visto ante uma variedade enorme de roupas a escolher, engulo um café apressado, passo o olho no jornal, entro no carro, pego trânsito, falo ao celular, contemplo paisagens que não escolho – geralmente medonhas, a não ser que você more no Rio –, entro num escritório com janelas e sem vista, ligo o computador, o ar-condicionado e começo a trabalhar. Ela acorda na hora que seu corpo deseja, toma um longo café, escolhe um bom livro, pega sua bicicleta, pedala tranqüilamente pela urbe arborizada, sempre escolhendo o caminho mais bonito, ouve música gerada de um velho discman, entra num parque, deita na grama sob o sol e começa a ler.
Almoço – Saio para almoçar por volta das 13h, entro num restaurante cheio, sento, peço um prato, tiro e-mails no BlackBerry enquanto espero, como rapidamente, converso sobre trabalho na sobremesa, pago uma pequena fortuna de conta enquanto engulo o café e saio apressado. Ela pára de ler seu livro por volta do meio-dia, monta em sua bike, pedala sossegada até uma feira de rua, espera pelo início do desarme das barracas, conversa com os vendedores – que já a conhecem –, recebe gratuitamente queijos, frutas, pães, verduras, salames e outras iguarias, abre um largo sorriso como forma de pagamento, caminha até uma praça, senta-se e come pausadamente.
Em seguida, acende um cigarro e abre seu livro de novo.
Tarde/noite – Quando não tenho uma reunião fora, volto para o escritório, reúno minha equipe, trabalho no computador sem pausas até a noite, desligo o computador, o ar-condicionado e a luz, dirijo pela cidade no trânsito, contemplo as mesmas paisagens, falo ao celular, chego em casa, tomo banho, saio para jantar, gasto outra pequena fortuna e eventualmente emendo numa balada, onde gasto outra (nem sempre pequena) fortuna. Ela guarda o que sobrou da comida para o café do dia seguinte, pedala até um museu gratuito, contempla obras de arte durante horas a fio, passa numa biblioteca pública, tira e-mails, troca de livro (lê em média um por semana), pedala até seu squat, toma um banho frio (nem sempre os squats têm água quente), pedala até outro squat maior onde uma baladinha foi armada. Se estiver precisando de dinheiro, ali ela tem a opção de trabalhar no bar: assim conseguiu comprar um motorhome usado. Essa rotina pode durar meses, e, quando ela já conheceu a cidade toda, simplesmente sobe em seu motorhome e pega a estrada até uma nova cidade ou país.
Outros pontos – Enquanto gasto horas em lojas estudando o preço de móveis e gadgets para decorar minha casa e minha vida, nunca sem gastar uma pequena fortuna, ela garimpa os lixos dos bairros mais nobres das cidades onde já encontrou (em ótimo estado) cadeiras, cama, roupas, discman, livros, CDs, enfeites, dinheiro... Durante um desses garimpos, que tive o prazer de testemunhar, ela encontrou uma belíssima gravura de Van Gogh intitulada Schoenen met veters, que hoje ilustra a mais nobre parede de minha casa. No fim do ano, junto todo o dinheiro que me sobrou e viajo por duas a três semanas, geralmente para algum lugar na Europa e... gasto uma fortuna. Ela, que já viaja durante o ano todo pela Europa ao seu bel-prazer, geralmente passa o fim de ano numa cidade grande, quando todos se foram e a cidade está vazia e agradável. Do ponto de vista político, eu, que me considero uma figura com formação avançada no assunto, faço questão de ler e discutir os temas em pauta e sempre voto. Ela, que só lê as manchetes dos cadernos especializados, “afinal já sabemos o que vão dizer”, não gasta tempo com o tema e, por princípio, nunca vota – para minha tristeza, me dei conta de que esse seu boicote leviano acaba agredindo muito mais a cena política do que eu, com minhas teses infladas de mesa de bar. Do ponto de vista ecológico, sou um consumidor voraz e patrocinador das emissões de CO2 e outras mazelas, enquanto ela, por consumir quase nada e reciclar tudo o que eu e os meus descartamos, é uma exemplar cidadã do futuro.
A essa altura do campeonato, começo a ficar deprimido e abandono o jogo num deselegante WO...
Game x Game
Após um fim de semana atípico, quando conheci pessoas incríveis e hábitos desconcertantes, me dei conta de que novidade mesmo foi encarar minhas próprias escolhas sob nova perspectiva. Ao contrário do que imaginava, Maria não é uma jovem preguiçosa e sem ambição, e sim a prova viva de que existem outras maneiras de levar a vida, mesmo inseridos na loucura do capitalismo alucinado. E que devemos tomar cuidado com o julgamento instantâneo que fazemos ao deparar com alguém diferente – seja a figura em questão um índio, um metrossexual ou um squater. E que até mesmo a prática da comparação, forma que escolhi para a construção deste texto, já é bastante capitalista, conceitualmente falando, logo, um tanto inadequada. Ponto. Desisto. Adoraria ser um squater... talvez na próxima encarnação. Com licença, preciso tirar meus e-mails.
P.S. No caso de você estar curioso, a palavra squat significa
“agachamento” ou “aquele que se estabelece em terras públicas”.
*Giuliano Cedroni, historiador, jornalista e roteirista, foi diretor de redação da Trip por cinco anos. Atualmente dirige um núcleo de desenvolvimento de projetos na Prodigo Films, e trabalha desde os 16 anos...
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
Devaneios ao Pesto
Nosso amor não vai parar de mudar ou Por um segundo mais feliz
E essa eterna paixão que nunca acaba...
Sei que somos pra sempre
Mas, um enorme tesão
E uma boa noite de sexo
Pode ser muito melhor que uma relação desgastada de convivência contínua
Talvez, seja o momento de afastamentos esporádicos
Telefonemas casuais de mais de 1h, para contarmos os acontecimentos semanais
E encontros de vez em quando, só para não perder o costume.
Não abra mão de você
Nem de mim.
E essa eterna paixão que nunca acaba...
Sei que somos pra sempre
Mas, um enorme tesão
E uma boa noite de sexo
Pode ser muito melhor que uma relação desgastada de convivência contínua
Talvez, seja o momento de afastamentos esporádicos
Telefonemas casuais de mais de 1h, para contarmos os acontecimentos semanais
E encontros de vez em quando, só para não perder o costume.
Não abra mão de você
Nem de mim.
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
E agora não adianta correr, agora não precisa mais se apressar
Não acredito.
Mas, depois de 3 ligações, parece quase real.
As lágrimas caem devagar,
caem rápido
durante o caminho até em casa,
durante a chegada em casa;
caem gritantemente,
durante a ligação ao celular;
caem indefinidamente,
durante uma boa parte da madrugada;
e caem dessas e de outras formas na manhã seguinte, ao velório.
E caem em abraços,
caem em olhares,
caem em palavras,
caem em silêncios.
Será que eu deveria ter dado mais atenção?
Deveria ter ido visitá-la mais?
Ter bebido mais caipirinhas e comido mais esfihas à sua companhia?
Ter pagado mais cervejas na 3 rios e ter colado mais “Antarctica” nos copos?
Ter ido faze-la companhia durante muitas noites naquele ap solitário?
Se no meio do que você tá fazendo você pára
se no meio do que você tá fazendo você pára
se você tem problema de saúde de repente você sara
se você ia dar um passo a sua perna fica pendurada
parece que tá todo mundo ouvindo e ninguém tá falando nada
e agora não precisa correr
agora não precisa mais se apressar
o cara que se joga da janela fica parado no ar
na hora da trombada o carro freia um pouco antes de amassar
quem estava para dar um soco vai ficar com a mão fechada
parece que tá todo mundo vendo e não tá acontecendo nada
e a grana que você economizou não vai poder gastar
e a saúde que você cuidou não vai poder estragar
aquela roupa que você comprou não vai poder usar
você não vai dormir nem acordar agora agora
e agora não precisa correr
agora não precisa mais se apressar
faz horas que já passa das 3 e ainda não são 4 horas
há dias que foi dia 31 e não acaba esse mês
os anos se passaram mas seu filho continua neném
o seu avô parece ter 70 mas já tem mais de 100
e passa a vida inteira
passa a vida inteira
a vida inteira passa
a vida inteira
se no meio do que você tá fazendo você pára
o que você nunca tinha reparado agora está na cara
o céu fica rachado ao meio quando o raio raia
a chuva não alcança o mar enquanto a onda não alcança a praia
e a grana que você economizou não vai poder gastar
e a saúde que você cuidou não vai poder estragar
aquela roupa que você comprou não vai poder usar
não vai dormir nem acordar agora e agora
e agora não precisa correr
agora não precisa mais se apressar
faz horas que já passa das 10 e ainda são 9 horas
faz anos que você está na fila e não chegou sua vez
o dia já acabou há muitos dias mas a noite não vem
seu coração não bate há muito tempo mas você está bem
e passa a vida inteira
passa a vida inteira
a vida inteira passa
a vida inteira
e agora não precisa correr
agora não precisa mais se apressar
Arnaldo Antunes e Nando Reis
Mas, depois de 3 ligações, parece quase real.
As lágrimas caem devagar,
caem rápido
durante o caminho até em casa,
durante a chegada em casa;
caem gritantemente,
durante a ligação ao celular;
caem indefinidamente,
durante uma boa parte da madrugada;
e caem dessas e de outras formas na manhã seguinte, ao velório.
E caem em abraços,
caem em olhares,
caem em palavras,
caem em silêncios.
Será que eu deveria ter dado mais atenção?
Deveria ter ido visitá-la mais?
Ter bebido mais caipirinhas e comido mais esfihas à sua companhia?
Ter pagado mais cervejas na 3 rios e ter colado mais “Antarctica” nos copos?
Ter ido faze-la companhia durante muitas noites naquele ap solitário?
Se no meio do que você tá fazendo você pára
se no meio do que você tá fazendo você pára
se você tem problema de saúde de repente você sara
se você ia dar um passo a sua perna fica pendurada
parece que tá todo mundo ouvindo e ninguém tá falando nada
e agora não precisa correr
agora não precisa mais se apressar
o cara que se joga da janela fica parado no ar
na hora da trombada o carro freia um pouco antes de amassar
quem estava para dar um soco vai ficar com a mão fechada
parece que tá todo mundo vendo e não tá acontecendo nada
e a grana que você economizou não vai poder gastar
e a saúde que você cuidou não vai poder estragar
aquela roupa que você comprou não vai poder usar
você não vai dormir nem acordar agora agora
e agora não precisa correr
agora não precisa mais se apressar
faz horas que já passa das 3 e ainda não são 4 horas
há dias que foi dia 31 e não acaba esse mês
os anos se passaram mas seu filho continua neném
o seu avô parece ter 70 mas já tem mais de 100
e passa a vida inteira
passa a vida inteira
a vida inteira passa
a vida inteira
se no meio do que você tá fazendo você pára
o que você nunca tinha reparado agora está na cara
o céu fica rachado ao meio quando o raio raia
a chuva não alcança o mar enquanto a onda não alcança a praia
e a grana que você economizou não vai poder gastar
e a saúde que você cuidou não vai poder estragar
aquela roupa que você comprou não vai poder usar
não vai dormir nem acordar agora e agora
e agora não precisa correr
agora não precisa mais se apressar
faz horas que já passa das 10 e ainda são 9 horas
faz anos que você está na fila e não chegou sua vez
o dia já acabou há muitos dias mas a noite não vem
seu coração não bate há muito tempo mas você está bem
e passa a vida inteira
passa a vida inteira
a vida inteira passa
a vida inteira
e agora não precisa correr
agora não precisa mais se apressar
Arnaldo Antunes e Nando Reis
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Distância
Sempre acontece. As pessoas se aproximam e depois de distanciam, ou se distanciam, e depois se aproximam e se distanciam de novo e se aproximam, ou não, novamente.
Mas, o mais doloroso, é o distanciamento obrigatório, aquele que não aconteceu “naturalmente” e que nem tivemos opção de escolha.
Quando esse acontece, nos leva a pensar e relembrar nos momentos em que estivemos juntos, nos outros distanciamentos obrigatórios que já tivemos durante a vida, no nosso futuro distanciamento obrigatório, nos distanciamentos não-obrigatórios que já nos ocorreu e até mesmo nas nossas tentativas ou pensamentos de distanciamento obrigatório próprio.
Depois de algum tempo parece que a distância e a dor diminuem e o que fica é a lembrança.
“tem pessoas que a gente não se esquece (nem se esquecer)” Lua
Mas, o mais doloroso, é o distanciamento obrigatório, aquele que não aconteceu “naturalmente” e que nem tivemos opção de escolha.
Quando esse acontece, nos leva a pensar e relembrar nos momentos em que estivemos juntos, nos outros distanciamentos obrigatórios que já tivemos durante a vida, no nosso futuro distanciamento obrigatório, nos distanciamentos não-obrigatórios que já nos ocorreu e até mesmo nas nossas tentativas ou pensamentos de distanciamento obrigatório próprio.
Depois de algum tempo parece que a distância e a dor diminuem e o que fica é a lembrança.
“tem pessoas que a gente não se esquece (nem se esquecer)” Lua
Devaneios ao Pesto
Chores Lua minha.
Não fale, se não queres.
Tento te sentir, para não te invadir.
Silêncio.
Por vezes, é preciso.
Tenta te sentir,
mesmo que sejamos nós e não, apenas, eu.
Preciso de ti,
preciso do teu reino da alegria,
e do teu sorriso estonteante
Preciso do teu beijo e da tua paixão.
O quero estrelado e não cinzento.
“quero você, peça tudo o que quiser”
“quero a Guanabara, quero o Rio Nilo, quero tudo, ter estrela, flor, estilo (...) Quero viver, quero ouvir, quero ver (...) acho que vim pra te ver”
Não fale, se não queres.
Tento te sentir, para não te invadir.
Silêncio.
Por vezes, é preciso.
Tenta te sentir,
mesmo que sejamos nós e não, apenas, eu.
Preciso de ti,
preciso do teu reino da alegria,
e do teu sorriso estonteante
Preciso do teu beijo e da tua paixão.
O quero estrelado e não cinzento.
“quero você, peça tudo o que quiser”
“quero a Guanabara, quero o Rio Nilo, quero tudo, ter estrela, flor, estilo (...) Quero viver, quero ouvir, quero ver (...) acho que vim pra te ver”
domingo, 4 de novembro de 2007
Achados no meio da bagunça 1
Muitos acontecimentos
Muitas confusões
Assim é a vida
Sentimentos vão e vem
Pessoas vão e vem
Algumas participam por um bom tempo da nossa vida
Outras passam rápido
Mas às vezes sua participação é tão intensa
Que nos apegamos e lembramos dela por mais tempo
Assim é a vida...
escrito em 14/03/2005
Muitas confusões
Assim é a vida
Sentimentos vão e vem
Pessoas vão e vem
Algumas participam por um bom tempo da nossa vida
Outras passam rápido
Mas às vezes sua participação é tão intensa
Que nos apegamos e lembramos dela por mais tempo
Assim é a vida...
escrito em 14/03/2005
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quinta-feira, 1 de novembro de 2007
Aniversário
Isso significa o que?
Quero coisas materiais dos familiares e uma possível presença dos amigos
Quero a pureza pra sempre
E o acreditar num mundo melhor
Tenho medo dos medos que não me estranham mais
Não quero (queria) a maioridade, a adultilidade
Não quero crescer
Muito menos fazer 18 anos
Tenho medo de me acomodar
O dia, é apenas mais um
mas, a data é um símbolo.
Meu desejo?
Ser criança pra sempre
magias, mundos mágicos e reinos da alegria
Por favor, minha dose de “soma” diário
16/10/2007
Quero coisas materiais dos familiares e uma possível presença dos amigos
Quero a pureza pra sempre
E o acreditar num mundo melhor
Tenho medo dos medos que não me estranham mais
Não quero (queria) a maioridade, a adultilidade
Não quero crescer
Muito menos fazer 18 anos
Tenho medo de me acomodar
O dia, é apenas mais um
mas, a data é um símbolo.
Meu desejo?
Ser criança pra sempre
magias, mundos mágicos e reinos da alegria
Por favor, minha dose de “soma” diário
16/10/2007
domingo, 30 de setembro de 2007
Por vezes
Às vezes, eu finjo saber, ter entendido, ter escutado, mas, já percebi que não costumo convencer.
Ás vezes, finjo sentir o que não sinto, e começo a sentir o que finji, mas, as vezes nem finjir eu consigo.
Às vezes, me falam, mas não concordo, posso ficar até um pouco indignada, mas às vezes, passo a concordar, mesmo tendo descordado.
Às vezes, finjo que não vejo, se faço isso, é pq não é importante, ou, não é mais.
Às vezes, tenho que fazer o que eu não quero e/ou acredito, e isso me deixa em crise, ou não.
Às vezes, sou antipática, de propósito, por não querer fazer a “social”.
Às vezes, tenho pensamentos horríveis, e às vezes, me martirizo por isso, às vezes não.
Às vezes, na maioria delas, sou contraditória, mesmo, às vezes não querendo ser.
Às vezes, mesmo não gostando muito do (censo) comum, sou um tanto clichê, e às vezes, até gosto das clichesices.
Às vezes, mesmo achando que todos têm que poder escolher o que querem, oprimo-as e/ou pressiono-as.
Às vezes, penso em desistir de tudo, mesmo sabendo que eu não conseguiria, acho eu.
Às vezes, queria seguir o mais fácil, mesmo sabendo que o fácil é mais monótono, previsível, alienador, e que eu anularia meus desejos e pensamentos intermináveis.
Às vezes, prefiro não pensar e apenas sentir.
Às vezes, prefiro não sentir e apenas pensar.
Às vezes, prefiro apenas não pensar e/ou não sentir.
Ás vezes, finjo sentir o que não sinto, e começo a sentir o que finji, mas, as vezes nem finjir eu consigo.
Às vezes, me falam, mas não concordo, posso ficar até um pouco indignada, mas às vezes, passo a concordar, mesmo tendo descordado.
Às vezes, finjo que não vejo, se faço isso, é pq não é importante, ou, não é mais.
Às vezes, tenho que fazer o que eu não quero e/ou acredito, e isso me deixa em crise, ou não.
Às vezes, sou antipática, de propósito, por não querer fazer a “social”.
Às vezes, tenho pensamentos horríveis, e às vezes, me martirizo por isso, às vezes não.
Às vezes, na maioria delas, sou contraditória, mesmo, às vezes não querendo ser.
Às vezes, mesmo não gostando muito do (censo) comum, sou um tanto clichê, e às vezes, até gosto das clichesices.
Às vezes, mesmo achando que todos têm que poder escolher o que querem, oprimo-as e/ou pressiono-as.
Às vezes, penso em desistir de tudo, mesmo sabendo que eu não conseguiria, acho eu.
Às vezes, queria seguir o mais fácil, mesmo sabendo que o fácil é mais monótono, previsível, alienador, e que eu anularia meus desejos e pensamentos intermináveis.
Às vezes, prefiro não pensar e apenas sentir.
Às vezes, prefiro não sentir e apenas pensar.
Às vezes, prefiro apenas não pensar e/ou não sentir.
terça-feira, 24 de julho de 2007
Pout Pourri do ACM - E a nação brasileira lamenta a morte de um dos maiores picaretas do país
“Não, não dá para pensar em golpe”, responde o senador Antonio Carlos Magalhães a uma indagação sobre a possibilidade de se tirar Luiz Inácio Lula da Silva do poder à força. Há apenas seis meses, parece que dava.
“Reajam, comandantes militares, reajam enquanto é tempo, antes que o Brasil caia na desgraça de uma ditadura sindical presidida pelo homem mais corrupto que já chegou à Presidência da República” disse quando militantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra, MLST, invadiram e depredaram a Câmara Federal
“Depois da reeleição do Lula, a única coisa que dá para fazer é marcar posição” disse ao traçar com gosto um filé mal passado no seu gabinete no Senado.
“Mas não quero ficar sozinho” diz ao decidir ficar na oposição, depois que Paulo Souto, o seu candidato à reeleição para o governo baiano, saiu da disputa já no primeiro turno, derrotado pelo petista Jacques Wagner e seu candidato à Presidência, o tucano Geraldo Alckmin, perdeu para Lula em 415 dos 417 municípios baianos.
Com esse intuito, foi procurar FHC. Queria uma conversa discreta, mas o ex-presidente sugeriu um almoço no restaurante Massimo, em São Paulo — encontro largamente divulgado nas colunas de fofocas políticas. O senador diz que FHC e ele concordam que é preciso fazer oposição intransigente ao governo federal.
“Mas diga que um encontro agora não seria útil nem para ele, nem para mim”, instruiu um amigo a dizer a Tarso Genro. Mesmo depois de ter registrado com satisfação o fato de o ex-presidente ter declinado da sugestão de Lula para um encontro. Mas puxar a fila dos oposicionistas intransigentes não significa que tenha se negado, em alto e bom som, ao encontro com o petista, de qualquer forma aceitaria o convite com o maior prazer.
“Fui enganado pelo José Dirceu e pelo Palocci”, conta que no governo Lula, não se recusou a encontrar, discretamente, ministros petistas. E se deu mal.
“Pois não é que, depois, o Dirceu vai e me esculhamba no blog dele?”, solta logo após comentar que jantou algumas vezes com Dirceu, que lhe pedia orientação e apoio, e que em uma certa noite, chegou a verter lágrimas sentidas, na presença do senador, ao relatar humilhações que o presidente lhe impunha.
“Fiquei com a brocha na mão”, diz sobre o fato do caseiro Francenildo Costa afirmar que Palocci freqüentava a sede brasiliense da República de Ribeirão Preto e fazer picadinho da credibilidade do ministro, que havia saído em defesa de Palocci.
“Mas os tucanos preferiram preservar o Eduardo Azeredo a lutar pelo impeachment.” julgando que quando o mensalão e o valerioduto foram expostos, era obrigação do PSDB e do PFL entrar com um pedido de destituição do presidente.
ACM diz que não tem medo de ficar sozinho na oposição. Seu novo encontro com as urnas será em 2010. “Até lá, garanto que não estarei mais sozinho.”
Adaptação do texto “Longe do poder – ACM desiste do golpe e se queixa da oposição”, publicado na revista Piauí_dezembro 06
---
Nicks (de msn) de luto:
Morto!!! - Por Senai
Finalmente...ACM que o diabo faça seu rabo pegar fogo!!!!!! - Por Rafa
Morreu ACM? E nada valeu a pena hein cuzão. – Por Tays
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Música In memorian:
Por Bruno Jezuscrust - giveitrevolution.blogspot.com - www.fotolog.com/brunobrow - 20/07/2007
TODO MUNDO VAI APODRECER UM DIA
Ei cara, o que você pensa?
Você não é o superhomem, não
Você é feito de carne
E você é feito de ossos
Sua carcaça não é diferente
da minha ou de ninguém mais
Agora, você também pode ver
quão fraco você é, já era
Todo mundo vai apodrecer um dia
Eu não estava preocupado
pois eu sempre soube
algum dia sua vez chegaria
e não haveria escapatória pra você
Eu nunca rezei por isto
mas eu admito, eu ri
Da mesma forma que você riu
quando viu meus amigos na podridão
mas
Todo mundo vai apodrecer um dia
Haha! Eu não pude te vencer
mas o tempo com certeza iria
desvie desta!
desvie da bala do tempo
Todo mundo vai apodrecer um dia, filho da puta!
Ei cara, o que você pensa?
Você não é o superhomem, não
Você é feito de carne
E você é feito de ossos
Sua carcaça não é diferente
da minha ou de ninguém mais
Agora, você também pode ver
quão fraco você é, já era
Todo mundo vai apodrecer um dia
Eu não estava preocupado
pois eu sempre soube
algum dia sua vez chegaria
e não haveria escapatória pra você
Eu nunca rezei por isto
mas eu admito, eu ri
Da mesma forma que você riu
quando viu meus amigos na podridão
mas
Todo mundo vai apodrecer um dia
Haha! Eu não pude te vencer
mas o tempo com certeza iria
desvie desta!
desvie da bala do tempo
Todo mundo vai apodrecer um dia, filho da puta!
terça-feira, 17 de julho de 2007
Começo Meio Fim?
Parece que sempre nos preocupamos com fins e finais. Finais de histórias, de questionamentos, de filmes, de textos, de livros, de peças teatrais, de pensamentos. Alguns, chegam a dizer que o final estragou todo o resto.
Mas, a história em si deveria ser muito mais importante que o final, o que distingue
as vitórias
derrotosas
vitórias
vitoriosas
derrotas
derrotosas
é o desenrolar da história, e não, exatamente o seu final.
Devo confessar que também estou condicionada, como a maioria das pessoas, a me preocupar mais com fins e finais do que os meios, mas, isso é racional demais.
Ultimamente tenho percebido minhas explicações racionais para tudo que faço e isso está totalmente ligados a fins e finais.
*tentando descondionar-se*
escritos sem razão, sem por quê, sem final
relações sem fins
histórias ótimas e sem final
conversas sem conclusões
pensamentos ecoando
“Seus ‘fracassos’ oficiais, assim como as suas ‘vitórias’ oficiais, devem ser julgados à luz de seus prolongamentos, e suas verdades devem ser restabelecidas. Podemos portanto afirmar que ‘existem derrotas que são vitórias e vitórias mais vergonhosas que derrotas’(Karl Liebknecht, na véspera de seu assassinato).”
Trecho extraído do texto “A miséria do meio estudantil”, Internacional Situacionista, Strasbourg, Novembro de 1966
Mas, a história em si deveria ser muito mais importante que o final, o que distingue
as vitórias
derrotosas
vitórias
vitoriosas
derrotas
derrotosas
é o desenrolar da história, e não, exatamente o seu final.
Devo confessar que também estou condicionada, como a maioria das pessoas, a me preocupar mais com fins e finais do que os meios, mas, isso é racional demais.
Ultimamente tenho percebido minhas explicações racionais para tudo que faço e isso está totalmente ligados a fins e finais.
*tentando descondionar-se*
escritos sem razão, sem por quê, sem final
relações sem fins
histórias ótimas e sem final
conversas sem conclusões
pensamentos ecoando
“Seus ‘fracassos’ oficiais, assim como as suas ‘vitórias’ oficiais, devem ser julgados à luz de seus prolongamentos, e suas verdades devem ser restabelecidas. Podemos portanto afirmar que ‘existem derrotas que são vitórias e vitórias mais vergonhosas que derrotas’(Karl Liebknecht, na véspera de seu assassinato).”
Trecho extraído do texto “A miséria do meio estudantil”, Internacional Situacionista, Strasbourg, Novembro de 1966
terça-feira, 10 de julho de 2007
terça-feira, 3 de julho de 2007
Ilusão de Verdade
Apesar de todos morarmos no mesmo planeta, eu vivo em um mundo, minha mãe vive em outro e você vive em outro bem diferente.
Estas palavras aqui escritas, pra mim significam uma coisa, pra você que está lendo pode significar algo totalmente diferente.
Tudo e qualquer coisa pode ter milhares de significados. Despende da pessoa que está analisando, do aspecto a ser analisado, do momento que está sendo analisado, do ângulo analisado e etc
Toda verdade pode ser ilusão e toda ilusão pode ser verdade.
Quem vai definir o que é verdade ou ilusão?
Pode Acreditar - Nação Zumbi
Estas palavras aqui escritas, pra mim significam uma coisa, pra você que está lendo pode significar algo totalmente diferente.
Tudo e qualquer coisa pode ter milhares de significados. Despende da pessoa que está analisando, do aspecto a ser analisado, do momento que está sendo analisado, do ângulo analisado e etc
Toda verdade pode ser ilusão e toda ilusão pode ser verdade.
Quem vai definir o que é verdade ou ilusão?
Pode Acreditar - Nação Zumbi
ela vem pelo ar, pelo chão
traz até alegria pra alguns
pra acabar com a verdade
inocente mente comprada
atingindo até os corações
das certezas traídas
e à céu aberto
não sobra nada pro vero-vero
tem mais notícias pra voce
pode acreditar
só a mentira vai saber dizer
dizer
dizer
e no meio dia, aos olhos do mundo
fazendo efeito instantâneo
certeira como a carta marcada
com toda alegoria
só pra convencer, só pra convencer
Tem mais notícias pra voce. Pode acreditar, só a mentira vai saber dizer.
*Don quixote - Engenheiros do Hawaii
*Somos quem podemos ser - Engenheiros do Hawaii
*Tecnicolor - os Mutantes
*Labirintos - As Mercenárias
terça-feira, 19 de junho de 2007
Dizem Sem Dizer
Um cego, andando na calçada em frente o shopping Santa Cruz, passa do meu lado com uma camiseta vermelha e um símbolo de uma estrela branca com as letras “PT”.
Uma menina, de uns 7 anos, com a sua mãe, na calçada, esperando algo, e com uma mochila de carrinho rosa e cinza, com um símbolo de olhos sedutores e as palavras “Sexy Machine”.
Um menininho de uns 5 anos com uma camiseta preta com um símbolo de uns 4 caras e a palavra “Ramones”.
Será que estas pessoas sabem o que estão propagando? Será que elas sabem o que significam estes símbolos e estas palavras?
Você sabe o que está escrito naquela sua blusa com umas palavras em inglês? E aquela sua camiseta com um símbolo de um cara com uma boina, você sabe quem foi Che Guevara? O que ele significa pra você?
Símbolos, siglas, marcas.
Símbolos, siglas, marcas.
Símbolos, siglas, marcas.
*hipnotizada*
Pra alguns, eles dizem sozinhos; pra alguns, eles significam muito; pra alguns, eles os consomem.
Uma menina, de uns 7 anos, com a sua mãe, na calçada, esperando algo, e com uma mochila de carrinho rosa e cinza, com um símbolo de olhos sedutores e as palavras “Sexy Machine”.
Um menininho de uns 5 anos com uma camiseta preta com um símbolo de uns 4 caras e a palavra “Ramones”.
Será que estas pessoas sabem o que estão propagando? Será que elas sabem o que significam estes símbolos e estas palavras?
Você sabe o que está escrito naquela sua blusa com umas palavras em inglês? E aquela sua camiseta com um símbolo de um cara com uma boina, você sabe quem foi Che Guevara? O que ele significa pra você?
Símbolos, siglas, marcas.
Símbolos, siglas, marcas.
Símbolos, siglas, marcas.
*hipnotizada*
Pra alguns, eles dizem sozinhos; pra alguns, eles significam muito; pra alguns, eles os consomem.
quinta-feira, 14 de junho de 2007
T
Tudo começa com um olhar. Algumas indiretas, alguns sorrisinhos, o toque... A iniciativa, pode ser conjunta, ou, a partir de um, mas o desejo tem que ser mútuo. O beijo. Esse dá portas a várias coisas. Toques, beijos no pescoço, mordidas, lambidas. Ui! Tudo começa a esquentar, a respiração fica ofegante, molha.
Quando não se tem um lugar propício, talvez as coisas fiquem por aí. Quando se tem, ninguém sabe onde para.
Quando não se tem um lugar propício, talvez as coisas fiquem por aí. Quando se tem, ninguém sabe onde para.
quarta-feira, 13 de junho de 2007
A Parada e a pedagogia da diversidade
Nesse domingo, novamente teremos, na Av. Paulista, a 11ª Parada do Orgulho GLBT (a maior do mundo), trazendo, à principal avenida de São Paulo, em um belo domingo, uma diversidade sexual, de gênero, de gostos e de cultura. E sua principal função será, como sempre foi, arrepiar e chocar toda a sociedade. Dado o formato que esse evento tomou, uma pergunta paira na mente de divers@s militantes dos movimentos sociais e, principalmente do movimento estudantil: É uma manifestação ou uma grande festa?
Acostumados a tomarem as ruas, o Movimento Estudantil, como diversos outros movimentos, tem uma estética de manifestação para mobilizar, atrair e sensibilizar a opinião pública para suas reivindicações. Como se dá essa estética? Milhares de pessoas tomam as ruas, em passeata, com o objetivo de, naquele momento, chamar para si a atenção dos transeuntes, parar o trânsito e causar um impacto visual de modo que a mídia televisiva, principalmente, passe e comente a ação aos seus telespectadores. Além dessa mobilização visual, há também, geralmente, um carro de som, no qual divers@s manifestantes usam o discurso para sensibilização política dos ouvintes, mas, principalmente, para comunicar à sociedade a razão que os levou ali, a razão de sua luta e de todo o processo de mobilização. O discurso feito ao microfone torna-se o instrumento principal para a sensibilização da opinião pública das pautas do movimento e das motivações que os colocam em greve, os fazem manifestar e paralisar durante algum tempo aquele espaço. Acompanhadas dos discursos, seguem as palavras de ordem e as músicas cantadas pel@s manifestantes e toda uma onda de cartazes, bandeiras que apresentam as pautas e a ideologia do movimento.
As Paradas têm em comum a esses movimentos a mobilização, a tomada das ruas e os discursos políticos no microfone com o mesmo objetivo desses movimentos: chamar a atenção da sociedade para si e sensibilizar a opinião pública para sua reivindicação.
Contudo, algumas características estéticas são novas: a primeira, é o abuso nas cores que torna um elemento ideológico do movimento GLBTT; a segunda, diversos trios que tocarão variados estilos de músicas desse universo; a terceira, uma forte estética dos corpos marcados pelo humor, pela graça, pela sensualidade e pelo atrevimento e a quarta característica, incide de modo visual um forte erotismo que vai desde beijos até a manifestação mais pornográfica possível (principalmente ao cair da noite). Algumas dessas características são feitas pelo próprio movimento, outras resultam dessas ações. O movimento atua diretamente na conclamação e organização política e logística do ato, também o colorido é feito por ele, no uso de arcos de bexigas em formato de arco-íris, bandeiras quilométricas e as músicas do gueto GLBTT que tocarão o tempo inteiro. Os resultados dessa organização são exatamente a terceira e a quarta característica apontadas anteriormente. Tais resultados dão um tom a mais à Parada, tirando-a da condição de manifestação tradicional e colocando-a como uma manifestação festiva. Pessoas vão à rua para dançar, festejar, beber e comemorar como qualquer outra festa. Como qualquer outra festa? Eis o elemento diferenciador: toda festa pública é marcada fortemente por uma lógica heteronormativa, casais se beijando, andando de mãos dadas, paquerando-se, festejando juntos... esqueci de dizer... casais héteros. Na Parada, há uma inversão dessa norma, homens se beijando, mulheres se beijando, travestis com os peitos de fora, homens musculosos exibindo seus corpos, drag-queens em todo seu glamour pousando pra diversas fotos e filmagens. Enfim, a “escória” da sociedade cristã vindo às ruas e mostrando seu lado mais humano, mais real e mais bonito pra toda a sociedade.
Há necessidade de nos mantermos naquela pergunta sobre o que é a Parada? Mas alguém pode perguntar: “Cadê os discursos políticos preenchendo a multidão? Cadê as palavras de ordem expressas uníssonas pelos manifestantes?” Devolvo com outra pergunta: no beijo de dois homens totalmente fora dos padrões sociais de mercado, nos amassos carinhosos de duas mulheres fora da estética machista, na beleza e no atrevimento de diversas travestis e transexuais tomando as ruas, no glamour das drag bombando a avenida, precisam ainda de palavra de ordem? E se houvesse, alguém conseguiria prestar a atenção ao mesmo tempo que recebe toda essa onda de informação? Não há nada mais político, pelo impacto e pelo significado, do que essa manifestação da diversidade proporcionada pela Parada. Ela traz o gueto noturno e periférico para a luz do dia, em um domingo, na principal avenida da cidade. Nesse deslocamento, há um rompimento da fragmentação capitalista para o consumo, a medida que essa comunidade toma a Av. Paulista. A Parada consegue ter um discurso próprio tão forte na sua estética, tão revolucionário na sua manifestação que dispensa qualquer discurso verbal. É a quebra dos valores morais dessa sociedade burguesa, é a contradição da contradição acirrada pelo capital contra si mesmo. O caráter revolucionário deve-se ao discurso violento e questionador dos valores da moral burguesa. E nessa prática há um forte exercício pedagógico para a Diversidade.
Quando um militante de qualquer movimento se encontra rodeado por esse universo desconhecido ou pouco habituado, seus valores morais são postos em xeque. O sentimento de contradição é inevitável ao seu olhar de quando se encontra nesse ambiente. Por mais que digamos ou escrevamos sobre a importância do respeito e direito (diga-se direito à vida) à diversidade, nada causa tanto impacto do que a imagem que fala por si mesma. Para o militante que não tem costume de ver casais de homens ou de mulheres se beijando, a sensação é chocante: um verdadeiro sentimento de nojo. Com isso, seus ideais revolucionários são postos em questionamento, à medida que deve ser essa comunidade que ele deverá aprender a respeitar e a conviver. E no choque, e no questionamento, há a prática pedagógica, educando-o para conviver e respeitar a diversidade humana. É exatamente esse papel pedagógico que torna a Parada uma GRANDE FESTA POLÍTICA pelo direito à sobrevivência de diversas travestis, diversos gays, diversas lésbicas vítimas de uma violência verbal, física e psicológica presente no cotidiano. Podemos até concordar que haja alguns problemas políticos que acabam vindo na onda dos dois milhões e quinhentas mil pessoas na rua. Mas não podemos negar o caráter transformador e educativo que a Parada proporciona a quem participa. Por isso convidamos tod@s estarem presente nesse domingo para festejar o direito a vida e o combate ao Racismo, Machismo e Homofobia!
Dário Neto
Acostumados a tomarem as ruas, o Movimento Estudantil, como diversos outros movimentos, tem uma estética de manifestação para mobilizar, atrair e sensibilizar a opinião pública para suas reivindicações. Como se dá essa estética? Milhares de pessoas tomam as ruas, em passeata, com o objetivo de, naquele momento, chamar para si a atenção dos transeuntes, parar o trânsito e causar um impacto visual de modo que a mídia televisiva, principalmente, passe e comente a ação aos seus telespectadores. Além dessa mobilização visual, há também, geralmente, um carro de som, no qual divers@s manifestantes usam o discurso para sensibilização política dos ouvintes, mas, principalmente, para comunicar à sociedade a razão que os levou ali, a razão de sua luta e de todo o processo de mobilização. O discurso feito ao microfone torna-se o instrumento principal para a sensibilização da opinião pública das pautas do movimento e das motivações que os colocam em greve, os fazem manifestar e paralisar durante algum tempo aquele espaço. Acompanhadas dos discursos, seguem as palavras de ordem e as músicas cantadas pel@s manifestantes e toda uma onda de cartazes, bandeiras que apresentam as pautas e a ideologia do movimento.
As Paradas têm em comum a esses movimentos a mobilização, a tomada das ruas e os discursos políticos no microfone com o mesmo objetivo desses movimentos: chamar a atenção da sociedade para si e sensibilizar a opinião pública para sua reivindicação.
Contudo, algumas características estéticas são novas: a primeira, é o abuso nas cores que torna um elemento ideológico do movimento GLBTT; a segunda, diversos trios que tocarão variados estilos de músicas desse universo; a terceira, uma forte estética dos corpos marcados pelo humor, pela graça, pela sensualidade e pelo atrevimento e a quarta característica, incide de modo visual um forte erotismo que vai desde beijos até a manifestação mais pornográfica possível (principalmente ao cair da noite). Algumas dessas características são feitas pelo próprio movimento, outras resultam dessas ações. O movimento atua diretamente na conclamação e organização política e logística do ato, também o colorido é feito por ele, no uso de arcos de bexigas em formato de arco-íris, bandeiras quilométricas e as músicas do gueto GLBTT que tocarão o tempo inteiro. Os resultados dessa organização são exatamente a terceira e a quarta característica apontadas anteriormente. Tais resultados dão um tom a mais à Parada, tirando-a da condição de manifestação tradicional e colocando-a como uma manifestação festiva. Pessoas vão à rua para dançar, festejar, beber e comemorar como qualquer outra festa. Como qualquer outra festa? Eis o elemento diferenciador: toda festa pública é marcada fortemente por uma lógica heteronormativa, casais se beijando, andando de mãos dadas, paquerando-se, festejando juntos... esqueci de dizer... casais héteros. Na Parada, há uma inversão dessa norma, homens se beijando, mulheres se beijando, travestis com os peitos de fora, homens musculosos exibindo seus corpos, drag-queens em todo seu glamour pousando pra diversas fotos e filmagens. Enfim, a “escória” da sociedade cristã vindo às ruas e mostrando seu lado mais humano, mais real e mais bonito pra toda a sociedade.
Há necessidade de nos mantermos naquela pergunta sobre o que é a Parada? Mas alguém pode perguntar: “Cadê os discursos políticos preenchendo a multidão? Cadê as palavras de ordem expressas uníssonas pelos manifestantes?” Devolvo com outra pergunta: no beijo de dois homens totalmente fora dos padrões sociais de mercado, nos amassos carinhosos de duas mulheres fora da estética machista, na beleza e no atrevimento de diversas travestis e transexuais tomando as ruas, no glamour das drag bombando a avenida, precisam ainda de palavra de ordem? E se houvesse, alguém conseguiria prestar a atenção ao mesmo tempo que recebe toda essa onda de informação? Não há nada mais político, pelo impacto e pelo significado, do que essa manifestação da diversidade proporcionada pela Parada. Ela traz o gueto noturno e periférico para a luz do dia, em um domingo, na principal avenida da cidade. Nesse deslocamento, há um rompimento da fragmentação capitalista para o consumo, a medida que essa comunidade toma a Av. Paulista. A Parada consegue ter um discurso próprio tão forte na sua estética, tão revolucionário na sua manifestação que dispensa qualquer discurso verbal. É a quebra dos valores morais dessa sociedade burguesa, é a contradição da contradição acirrada pelo capital contra si mesmo. O caráter revolucionário deve-se ao discurso violento e questionador dos valores da moral burguesa. E nessa prática há um forte exercício pedagógico para a Diversidade.
Quando um militante de qualquer movimento se encontra rodeado por esse universo desconhecido ou pouco habituado, seus valores morais são postos em xeque. O sentimento de contradição é inevitável ao seu olhar de quando se encontra nesse ambiente. Por mais que digamos ou escrevamos sobre a importância do respeito e direito (diga-se direito à vida) à diversidade, nada causa tanto impacto do que a imagem que fala por si mesma. Para o militante que não tem costume de ver casais de homens ou de mulheres se beijando, a sensação é chocante: um verdadeiro sentimento de nojo. Com isso, seus ideais revolucionários são postos em questionamento, à medida que deve ser essa comunidade que ele deverá aprender a respeitar e a conviver. E no choque, e no questionamento, há a prática pedagógica, educando-o para conviver e respeitar a diversidade humana. É exatamente esse papel pedagógico que torna a Parada uma GRANDE FESTA POLÍTICA pelo direito à sobrevivência de diversas travestis, diversos gays, diversas lésbicas vítimas de uma violência verbal, física e psicológica presente no cotidiano. Podemos até concordar que haja alguns problemas políticos que acabam vindo na onda dos dois milhões e quinhentas mil pessoas na rua. Mas não podemos negar o caráter transformador e educativo que a Parada proporciona a quem participa. Por isso convidamos tod@s estarem presente nesse domingo para festejar o direito a vida e o combate ao Racismo, Machismo e Homofobia!
Dário Neto
segunda-feira, 11 de junho de 2007
Por um mundo sem racismo, machismo e homofobia
Gente, muuuuuita gente. Homens, mulheres, crianças, brancos, negros, gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, drags, homens que sentem prazer com homens, homens que sentem prazer com travestis, mulheres que transam com mulheres, mulheres que transam com homens, e mulheres e muitas, muitas outras “combinações” que não conseguimos rotular, nem precisamos. Todos juntos na Parada do Orgulho GLBT.
De cima do trio, dava pra ver o sentimento de liberdade infinita (mesmo que momentânea) e alegria nos olhos das pessoas. Um dia de liberdade livre. Livre de pudores, conservadorismos e moralismos. Piração inexplicável.
“Não sei como vai ser a revolução, mas imagino que seja numa coisa mais ou menos assim” Rodrigo
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